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Desafios, tendências e estratégias para atrair e reter profissionais para a indústria de tissue 1o6m3s

Executivos da Talenses, Suzano e Damapel analisam o mercado de trabalho com foco na indústria de papel tissue 3xf5j

O mercado de trabalho tem ado por transformações significativas ao longo dos últimos anos. Diante disso, empresas buscam se adaptar rapidamente para atrair novos profissionais e reter os seus talentos, principalmente dentro da indústria de papel tissue, que tem enfrentado diversos desafios, incluindo a escassez de mão de obra qualificada. 1f2v3v

Em entrevista exclusiva ao Portal Tissue Online, Alexandre Benedetti, diretor geral da Talenses e cofundador do Talenses Group, Paula Tibau, gerente de Recursos Humanos da Unidade de Bens de Consumo da Suzano, e Marcelo Domenico, CEO da Damapel, falaram sobre os principais desafios, tendências e estratégias utilizadas na contratação e retenção de  profissionais no setor.

SETOR BUSCA PROFISSIONAIS COM MAIS DO QUE COMPETÊNCIAS TÉCNICAS 

Atualmente, os perfis mais disputados são os chamados profissionais híbridos, que combinam conhecimento técnico sólido, visão estratégica e habilidades interpessoais bem desenvolvidas, aponta Benedetti. Segundo ele, essa combinação tem se tornado essencial, especialmente em setores industriais como o de papel tissue, onde há uma valorização crescente de lideranças capazes de fomentar inovação, promover culturas organizacionais inclusivas e liderar transformações tecnológicas e sustentáveis. 

“No setor industrial, incluindo a cadeia de papel tissue, as posições mais procuradas estão ligadas às áreas de operações, engenharia, logística, finanças e supply chain, com ênfase crescente em transformação digital, sustentabilidade e eficiência produtiva. Há também uma valorização de lideranças que saibam navegar em ambientes complexos, fomentar inovação e promover culturas organizacionais mais inclusivas e resilientes”, comentou o executivo.

De acordo Paula Tibau, gerente de Recursos Humanos da Unidade de Bens de Consumo da Suzano, a empresa tem buscado por perfis diversos, multifuncionais, fortes com resultados, e gentis com as pessoas que tenham em comum atributos culturais como: agilidade, senso de dono, pensamento crítico e visão estratégica.

A Damapel, por sua vez, ao buscar novos colaboradores no mercado, dá especial atenção ao alinhamento do perfil dos candidatos com sua cultura organizacional, além das competências técnicas e comportamentais. “Buscamos profissionais proativos, capazes de tomar a iniciativa, identificar oportunidades de melhoria e atuar de forma independente. A flexibilidade é igualmente importante para adaptar-se rapidamente a novas situações e desafios”, declarou Marcelo Domenico, CEO da Damapel.

DESAFIOS

Para Benedetti, um dos principais desafios no processo de recrutamento está relacionado ao equilíbrio entre especialização técnica e adaptabilidade. “O setor de papel tissue demanda profissionais com expertise muito específica em processos industriais, mas que também estejam preparados para liderar transformações tecnológicas e atender às exigências ESG”, analisou. “Além disso, em mercados mais maduros ou localizados fora dos grandes centros, a limitação geográfica e a escassez de sucessores qualificados para cargos de liderança impõem complexidade adicional ao processo de recrutamento”, acrescentou.

Já a Suzano afirma que um dos principais desafios para atrair mão de obra para a  indústria de tissue está relacionado à busca por profissionais qualificados em um mercado cada vez mais aquecido. “Com a aquisição da linha de tissue da Kimberly-Clark no Brasil, hoje somos líderes nacionais na categoria, e amos a disputar a atração de talentos com empresas de bens de consumo de outros segmentos, que também oferecem pacotes atrativos de remuneração, benefícios e desenvolvimento de carreira. Esse cenário exige uma atuação ainda mais estratégica na valorização e retenção dos nossos colaboradores”, pontua Paula.

Nesse contexto, Domenico também destaca que a insuficiência de mão-de-obra qualificada é um dos maiores desafios enfrentados pelas indústrias, especialmente no segmento tissue. “O principal problema reside na falta de profissionais capacitados para lidar com a complexidade dos processos de produção e manutenção. Essa questão se agrava com os avanços tecnológicos. À medida que novas tecnologias são incorporadas, aumenta a demanda por profissionais preparados para operar e cuidar desses equipamentos mais modernos, e a Damapel encontra dificuldade para preencher essas vagas técnicas crítica”, ressalta o CEO.

INTERGERACIONALIDADE E RETENÇÃO DE TALENTOS

A diversidade etária impacta diretamente na atração e retenção de profissionais. Com até quatro gerações atuando simultaneamente nas empresas, a Talenses acredita que é necessário adotar abordagens personalizadas que considerem as diferentes expectativas e valores desses profissionais.

Segundo Benedetti, as empresas que obtém sucesso na retenção de seus talentos são aquelas capazes que constroem ambientes que respeitam essa pluralidade, promovem a escuta ativa e investem na integração intergeracional. “Cada geração possui expectativas distintas em relação ao trabalho, carreira e propósito”, afirmou.

Para a Suzano, a  retenção de profissionais se tornou um tema complexo e de profundas discussões nos últimos anos, pois além do progressivo aumento de profissões que estimulam movimentos de migração de carreiras, o excesso de informações vem tornando colaboradores e colaboradoras cada vez mais atentos a respeito das suas realidades de trabalho. “A intergeracionalidade agrega ainda mais complexidade na equação dado que as diferentes gerações apresentam interesses e perfis distintos, exigindo planos de retenção cada vez mais especializados e individualizados aos propósitos dos colaboradores”, comenta a gerente de RH.

A convivência entre diferentes gerações pode oferecer vantagens e dificuldades, segundo a Damapel. A empresa acredita que essa diversidade etária pode impulsionar a inovação, visto que a troca de experiências e conhecimentos entre gerações distintas oferece novas perspectivas e soluções para os problemas empresariais, contudo, istrar essa intergeracionalidade pode ser desafiador.

“Para melhorar a retenção de talentos, buscamos construir diariamente um ambiente inclusivo que valoriza o desenvolvimento e o aprendizado contínuo. Ao incentivar a colaboração entre gerações e estabelecer um espaço de trabalho que respeite e valorize as diferenças, a Damapel busca reter talentos de várias faixas etárias e evitar a alta rotatividade”, complementa Domenico.

O PROFISSIONAL DO FUTURO

O setor de produção de papel tissue está crescendo, impulsionado pelo aumento da demanda, bem como pelas inovações tecnológicas, portanto, profissionais qualificados são fundamentais nessa indústria. Para os próximos anos, um dos principais desafios deve ser manter a relevância das empresas como destinos de carreira, em um cenário marcado pela escassez de talentos, principalmente técnicos e de liderança.

“A obsolescência acelerada das habilidades técnicas – com ciclo de vida médio de apenas dois anos – demandará investimento constante em requalificação upskilling e reskilling. Adicionalmente, a expectativa por ambientes flexíveis, inclusivos e que promovam bem-estar será um critério decisivo na escolha por uma empresa. Isso exigirá das empresas uma proposta de valor cada vez mais clara e atrativa para o profissional”, explicou.

No setor de papel tissue, observa-se uma crescente demanda por perfis profissionais ligados às áreas de automação industrial, sustentabilidade e gestão de cadeia de suprimentos, portanto, profissionais que dominem tecnologias como manutenção preditiva, Inteligência Artificial aplicada à produção e logística 4.0 tendem a se destacar no mercado de trabalho. Além disso, áreas ligadas à inovação de produto, eficiência energética e economia circular estão ganhando relevância no setor, impulsionadas por mudanças regulatórias e pelas exigências de consumidores cada vez mais conscientes.

“O profissional do futuro na indústria será aquele que alia conhecimento técnico aprofundado à visão estratégica e capacidade de adaptação. Habilidades como pensamento crítico, resolução de problemas complexos, liderança colaborativa e fluência digital serão diferenciais importantes”, afirma Alexandre.

Além disso, ter um perfil com mindset voltado para a pauta ESG, também será considerado um diferencial importante, à medida que o desempenho industrial se preocupa cada vez mais com os impactos ambiental e social.

Entre os cargos mais comuns do setor, destacam-se operadores de máquinas de fabricar papel, operadores de máquinas, supervisores de fabricação e técnicos de celulose e papel, aponta o CEO da Damapel. “A formação técnica é essencial para essas funções, mas nos cargos de liderança, geralmente, encontram-se profissionais com diploma de Ensino Superior, como engenheiros e gestores industriais. A ênfase crescente em práticas sustentáveis e a inovação contínua criam um cenário promissor para aqueles que se especializam nesse setor dinâmico”.

Para a Suzano, o futuro do mercado de trabalho é composto por perfis inovadores que apresentem alta inteligência social. Além disso, profissionais com alta capacidade de adaptação e que tenham mindset de crescimento para aprender em ambientes de constante mudança. “Acreditamos que o futuro do setor de tissue a pela combinação entre inovação e desenvolvimento humano, com profissionais cada vez mais preparados e capacitados para liderar essa transformação”, complementa a executiva da Suzano.

TENDÊNCIAS DO MERCADO DE TRABALHO

A escassez de talentos já é uma realidade em várias frentes, especialmente nas áreas técnicas e de gestão industrial, fora dos grandes centros urbanos – e tende a se intensificar se não houver investimentos robustos em formação. Profissionais com expertise em engenharia de processos, automação, manutenção e sustentabilidade estão entre os mais disputados.

Com os avanços em automação e digitalização, funções operacionais mais repetitivas tendem a ser reduzidas ou transformadas, mas não devem ser extintas. Para se manter competitivas, as empresas deverão investir em requalificação, garantindo que os profissionais acompanhem as transformações do mercado.

Nesse contexto, a Damapel busca constantemente por novas tendências na gestão de aprendizado e adotando novas abordagens para a formação e desenvolvimento de pessoas. Entre suas iniciativas destacam-se a criação da Escola Damapel, programas de e-learning e uso de métodos informais de aprendizado. “A Escola Damapel representa um marco na capacitação interna, oferecendo cursos e treinamentos especializados que atendem às necessidades específicas dos colaboradores”, comenta Marcelo.

ESTRATÉGIAS DE RECRUTAMENTO E RETENÇÃO

Para atrair e reter talentos, a Talenses vai além do recrutamento técnico e atua como parceira estratégica dos seus clientes, ajudando a construir narrativas de marca empregadora conectadas com os valores dos profissionais.

“Nosso trabalho vai além do mapeamento técnico. Atuamos como consultores estratégicos dos nossos clientes, ajudando a construir narrativas de marca empregadora que se conectem com os valores dos profissionais. Utilizamos inteligência de mercado para entender o comportamento dos talentos e promover abordagens personalizadas de atração. Para a retenção, destacamos a importância de lideranças inspiradoras, planos de carreira estruturados, políticas claras de desenvolvimento e uma cultura organizacional que estimule pertencimento e reconhecimento”, finaliza Benedetti.

A Suzano, afirma que além de possuir um pacote de remuneração e benefícios bastante competitivos, prioriza o investimento no desenvolvimento dos talentos. Além de oferecer programas institucionais para capacitação dos (as) colaboradores (as), na Unidade de Bens de Consumo, por exemplo, a companhia conta com duas principais frentes de capacitação voltada para a liderança: uma pós-graduação para desenvolvimento de hard skills, impulsionando o DNA de Bens de Consumo, e um programa customizado para desenvolvimento de soft skills e capabilities de liderança.

A Damapel, por sua vez, também oferece salários competitivos e um pacote de benefícios abrangente, que busca atender às necessidades e expectativas dos seus colaboradores. Para atrair novos talentos, a empresa fortalece sua cultura organizacional, promovendo um ambiente que valoriza a diversidade, a inclusão e o desenvolvimento profissional. “Oportunidades de carreira e desenvolvimento são oferecidas, com investimentos em treinamentos e programas de capacitação, demonstrando nosso compromisso com o crescimento pessoal e profissional dos colaboradores”, afirma Domenico.

Na retenção de talentos, a companhia adota estratégias que visam proporcionar um ambiente de trabalho positivo, inclusivo e estimulante. “Na Damapel, a flexibilidade e a autonomia são incentivadas, permitindo que os funcionários equilibrem suas responsabilidades profissionais e pessoais de maneira eficaz”, finaliza o CEO.

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